segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Wonderland 4

08.11 “- Não foi por falta de oportunidade.
- Você nunca ficou com outro cara enquanto estava comigo?
- Não.
- Por que não quis?
- Eu acabei de dizer que não foi por falta de oportunidade. – tudo bem, é, eu sei.
- Foram quantos?
- Por favor, Matt, você acha que eu ficava contando?
- Devia. – ela me olhou com aquela cara de “tenho mais o que fazer.” – Tudo bem, não devia.
- É não devia mesmo.
- Posso mudar de assunto?
- O anterior já havia acabado mesmo. – vamos lá, deixe-a ficar com a supremacia! Idiota!
- Por que você não gostava de ir à minha casa?
- Precisamos falar disso de novo?
- De novo?
- Eu te dizia a mesma coisa toda vez que nós estávamos juntos, eu não podia!
- Eu não acredito nisso. Você tem se revelado uma ótima mentirosa desde que nos reencontramos. – sorri confiante para que ela notasse a descontração.
- Você só não tinha notado isso antes. – às vezes eu acredito que o único jeito de não ser cortado por ela é não falando com ela.
- Então você sempre mentiu pra mim?
- Não que você tenha descoberto. – virei os olhos ao redor da sala procurando uma fita adesiva para que ela não pudesse mais me ofender tanto.
- Você tem uma fita adesiva?
- Pra quê?
- Preciso calar a sua boca!
- Muito gentil da sua parte.
- A sua frieza está me dando arrepios. Não quer me emprestar um casaco?
- Você anda decaindo!
- Por quê?
- Há alguns anos atrás, você tentaria calar a minha boca de outro jeito.
- Eu pensei nisso, mas sabia que não ia render então preferi ficar quieto. – na verdade eu não tinha pensado nisso, será que eu estou mesmo decaindo?
- Resolveu premeditar as minhas ações? O que te garante que não ia render se você tentasse. – sabem o que é pior nesse diálogo? Ela mantinha a mesma cara de indiferença como se seu semblante fosse esculpido em mármore. E que belo mármore. Certo, Matthew, foco na conversa!”
(...)
“- Ele me deixa triste.
- Quem é ele?
- Damon.
- Não, quem é ele pra você?
- O cara que eu te falei.
- Ah. – então era por isso que ele estava daquele jeito. Ele havia cuidado dela e protegido ela de caras como eu e agora havia um sentado no sofá. – Droga, eu devia ter ido embora. – por quê? Eu tinha chegado primeiro! Concentre-se, Matthew, esse whisky não pode ser mais forte do que você.
- Não, tudo bem. Ele é um cara legal.
- Deve ser.
- Você está bem? – não, eu não estava, mas ela não precisava saber disso. Puxei-a para o meu colo antes que ela se sentasse no sofá, abracei-a pela cintura e beijei seus lábios como nunca havia beijado outra garota. Eu desejei, com toda a minha alma, ser aquele cara que acordava ela com um beijo de manhã e fazia café para ela. Eu queria ser aquele cara que levava flores brancas para ela nos aniversários de namoro, dizia o quanto ela era linda e mergulhava em seu abraço só para sentir o seu perfume. Eu queria ser alguém que ela amasse de verdade, queria ser merecedor de estar com ela quando ela estivesse triste e sortudo se ser sua companhia quando ela quisesse sorrir. Eu só queria ser alguém importante de verdade na vida dela, alguém que ela fosse lembrar com um sorriso e carinho nos olhos. Mas eu era só mais um cara que tinha usado-a enquanto era divertido e deixado ela na primeira calçada que não era minha. Eu nunca tinha dado a ela um botão de rosas sequer, nunca tinha dito a ela palavras que não fossem argumentos para convencê-la de algo que eu queria. E agora, enquanto eu beijava aquela boca que eu senti tanta falta durante esses anos todos, eu percebi que joguei pela janela todas as oportunidades de fazer uma garota incrível feliz. Ela estava de coração fechado e sangue frio, e eu sabia que era minha culpa. Eu não era mais o garoto que ela olhava com brilho nos olhos e orgulho por chamar de seu. Eu nem sequer era seu, talvez nunca mais seria. Eu só queria fingir que ela era minha por alguns minutos e sufocar toda a mágoa que eu tinha por ter sido só mais um na vida dela, por ter escolhido ser só mais um.”

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